.....................................................................................................

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Para Democratizar a Leitura no Brasil

*Resumo elaborado em sala com ideias no texto "Os meios de comunicação de massa e o hábito da leitura" de José Marques de Melo.

Quando pensamos em democratização da leitura no Brasil, devemos pensar que democratizar é dar acessibilidade a leitura, gerando oportunidades iguais ao conhecimento. Mas antes de uma transformação no mundo da leitura, é preciso primeiro pensar em democratização na política, na nossa sociedade, e uma verdadeira transformação nas estruturas econômicas e culturais. É mais uma luta política antes do que qualquer outra coisa, uma luta por melhores condições de todas as áreas da vida de um cidadão, como, melhores salários, emprego pleno, moradia digna, transporte barato e eficiente. Democratizar o conhecimento é expandir o ensino publico em todos os níveis com qualidade e produção de livros baratos em grande escala, para que o cidadão possa ter condições em acessar a esses produtos. Não podemos pensar em democratizar leitura e isolar-se das lutas sociais e políticas, pois para se alcançar êxito e fazer com que o Brasil desenvolva hábitos de leitura saudáveis, é preciso uma mudança de princípios e valores na política e na sociedade brasileira, é preciso primeiro um entendimento cultural de que a leitura é o único meio que conduzirá esse país ao real desenvolvimento. É fundamental fazer com que a população brasileira leia mais, e cada vez mais, e faça da leitura um instrumento onde cada indivíduo lutará pela conquista da cidadania. Mas isso não é uma tarefa tão simples de ser enfrentada, pois o problema da crise da leitura no Brasil está diretamente ligado ao modelo econômico do país. O custo do livro é um problema a ser ressaltado também e em um país cujo salário mal permite a sobrevivência física, sequer pode sonhar com a compra de material de leitura, a não ser o essencial à educação dos filhos. Há também o problema cultural no nosso país, e isso está enraizado e vem desde a história da colonização, que chamamos de tradição oral, o gosto pela palavra falada e a recusa da leitura. Criou-se então um ciclo vicioso até mesmo em sala de aula onde o professor apenas fala e o aluno acostumado com isso, acha suficiente para o seu aprendizado e não busca outras formas de ampliação do conteúdo, dispensando assim essa ferramenta que é a leitura. O estado também tem grande responsabilidade na crise da leitura, pois até agora o seu papel tem sido omisso, sem nenhuma política definida nesse campo. Ele foge do compromisso de editar livros mais baratos, em grande quantidade para abastecer a fome de leitura e de conhecimento que está mergulhada a nossa população já letrada,

Há também o papel da biblioteca que culturalmente é uma instituição em decadência, e pensar que criar mais bibliotecas e encha-las de livros e tradicionalismo vai sanar esse problema é um engano. Nesse processo de transformação é de extrema importância que os bibliotecários repensem o próprio conceito de biblioteca, e mudem também a sua forma de atuação profissional. É preciso quebrar o tradicionalismo, tanto da instituição como também dos seus profissionais. Não pode continuar sendo uma entidade de mão única, onde o bibliotecário tem poder sobre o conhecimento estocado ali e concede o seu uso aos leitores. A biblioteca precisa se abrir para a democratização, buscando a participação ativa do leitor, preservando seus bens culturais e tornando-se um centro de vivência e compartilhamento comunitário.

A batalha pela leitura certamente é uma ação eficaz de motivação e não deve ser cessada, pois converter um livro em objetos familiares às gerações atuais, significa um ponto de partida para gerar leitores de amanhã. Precisamos forjar cidadãos críticos, conscientes de sua força coletiva no processo de transformação social. A batalha pela leitura é uma batalha protagonizada pelos que são excluídos do mundo da cultura impressa, por aqueles que não tem acesso ao nível intelectual muito caro. Nosso papel é encorajá-los para que assim continuem lutando por um país cada vez melhor na leitura, pois havendo leitura há crescimento como um todo.